Serviço de Urgências- versão pobre

Ontem fui submetida a uma pequena intervenção cirúrgica…Até aí tudo normal, não fosse a dita ter ocorrido no hospital da santa terrinha.
Sinceramente nem sei bem por onde comece, mas a verdade é que estar 3 horas a secar no hospital deu para (re)ver de tudo!
Começo por salientar a celeridade na recepção, como convém em qualquer serviço público…Uma funcionária expedita e bem disposta com uma fila de 500 pessoas pela frente e com as habituais burocracias:” o cartão de utente, o BI, o cartão de sócio do SLB, o cartão de eleitor, o cartão de cliente do Jumbo, o seu número de soutien e calçado…”, enfim um rol de coisas desnecessárias para preencher a merdinha do impresso sem o qual não podemos fazer nada.
Seguimos para a sala de espera cuja média de idades ronda os 80 e onde está um cartaz que diz “silêncio, por favor”, mas dá-me ideia que só havia analfabetos no recinto, porque estava lá mais barulho que em qualquer tasco deste país.
Depois à boa maneira portuguesa, mas também com laivos ciganos, a malta leva toda a família atrás: a avozinha, o genro, o filho, o tio…
A melhor parte rever elementos do passado liceal, e aí o kit era variado desde a choca inverterada, à dread que virou boazinha, à ex paixão não correspondida, à “pseudo-amiga”, o sex symbol da Secundária convertido em homem absolutamente banal e com uma aliança foleira.
Não podia aqui também de passar em branco um elogio ao árduo trabalho dos enfermeiros…Tadinhos, eles é que se cansam! Eu agora percebo porque é que usam aqueles chinelos - ontem até já vi uma variante em rosa fluorescente muito “Benetton”- é que dá imenso jeito para se arrastarem o dia inteiro.
Outro elogio para a pontualidade e civismo dos médicos, nuca vi um médico chegar a horas!!! Devem achar que as pessoas não têm mais nada para fazer do que esperar pelo Xôdôtori…
Falando em médicos/ enfermeiros…Ontem mais uma vez fiquei com aquela sensação que eu chamo de “serviço de urgência” e passo a explicar: acho que aquela malta anda toda embrulhada uns com os outros. A história de turnos à noite, só usar batas fininhas e indecorosas…Hmmmm, muito suspeito! Embora não houvesse lá nenhum George Clooney, cheirou-me a “affairs” no ar…
Fiquei a saber também que à 2F é dia da malta porreira ir ao “supermercado”, pois é, estavam lá os junkies/ pica-piedras todos dos arredores…Exactamente, era dia da metadona!
Depois da experiência tão produtiva de ontem, fica mais uma vez provada a minha sábia opção de não enveredar pela carreira hospitalar/ médica e o meu estômago sensível para tanta barbaridade junta…